sábado, 1 de dezembro de 2012

ORIGEM DA CAPOEIRA - PARTE III



PARTE III
Bom, o local do Brasil, com toda certeza, seria aquele que no início da colonização, a segunda metade do século XV, XVI, XVII, houvesse uma quantidade muito expressiva de mão de obra escravo e condições ambientais para que a capoeira se desenvolvesse. Aqui na Bahia, a cidade de Salvador, foi fundada em 1549. O governo Português, preocupado em colonizar aquela extensão enorme de terra, tentou primeiro dividir em faixas, que chamou de capitanias hereditárias. 

Chegada de Tomé de Sousa à Bahia - Gravura sec XIX
Mesmo durante a vigência das capitanias, havia necessidade de uma representação, vamos dizer assim, oficial do governo português, um mínimo de legalidade e foi fundada a cidade de Salvador aqui no Estado da Bahia, onde ocorreu também o primeiro arcebispado, o primeiro hospital, que foi a Santa Casa da Misericórdia, mais tarde a primeira Faculdade de Medicina, do Brasil, e até 1808, quando veio a Família Real Portuguesa para o Brasil e transferiu a capital para o Rio de Janeiro, o grande movimento de pessoas, de atividades produtivas e de mão de obra escrava, foi aqui. Duzentos e cinquenta anos. É verdade que algumas capitanias, como São Vicente e Pernambuco, tiveram sucesso relativo, mas nós estamos falando de seis, no máximo 10, engenhos, por exemplo. O historiador e Governador da Bahia Luiz Viana Filho, com base nas pesquisas de Wanderley de Pinho, apontou 31 engenhos no entorno da Baía de Todos os Santos, em 1630. Imaginem, 31 engenhos, tudo isso movido a mão de obra escrava. Continua na Parte IV


Parte II
Primeiro, a capoeira não veio da África, as raízes são africanas. Ela começou a ser desenvolvida pelos africanos, mas aqui no Brasil. Isso é facilmente comprovável porque não existe nenhuma atividade sequer parecida com a capoeira, com toda a sua riqueza, a musicalidade, os movimentos, a luta, a filosofia. Existem na África como em outras localidades, até na América do Sul, algumas lutas primitivas, alguns movimentos acrobáticos, como a famosa Dança da Zebra, mas ali era só exibicionismo para impressionar as mocinhas na idade de casar. Não era uma luta, não havia acompanhamento musical, não havia filosofia, não tinha nada a ver.

 O instrumento sim, o berimbau ele veio da África, mas ele era utilizado em cerimonias religiosas, em eventos sociais, como casamentos, aniversários, festividades, não era para acompanhar a luta e fato também interessante, a música, o ritmo tem na África, só que a musicalidade agente encontra no Norte da África e o berimbau no Sul, no meio tem o deserto de Saara. Só foi possível o encontro desse ritmo com esse instrumento aqui no Brasil, porque os escravos eram de várias etnias. Se existe influência indígena, a única influência é o nome, o nome capoeira, caapoeira, é tupi-guarani, se refere a um local limpo, arado, capinado, aplainado, onde era, entre outras atividades, local de criação de galinha, daí a expressão capoeira de galinha. Servia de depósito e servia também nas reuniões dos escravos nos momentos de lazer. 


Assim, deve ter começado a capoeira. Nesses momentos de lazer, os folguedos, o uso de instrumentos primitivos, passos de dança, acrobacias e a troca de idéias. Uma das tradições básicas da capoeira é a socialização entre os heterogêneos, porque a única forma dos escravos se tornarem mais fortes para reagir ao domínio branco, era exatamente a socialização entre eles, falando línguas diferentes, com costumes diferentes, com cultura diferente. Aqui na Bahia mesmo tinha os Malês que sabiam escrever, sabiam matemática, eram muçulmanos, mas, fica ainda a pergunta: Em que local do Brasil e se isso ocorreu numa cidade ou no interior?       Continua na Parte III. 







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